Nossa principal ferramenta de pesquisa tem sido a modelagem numérica da circulação oceânica e dos processos de interação ar-mar, baseada principalmente na utilização do modelo HYCOM (“Hybrid Coordinate Ocean Model”).
O HYCOM se originou do Miami Isopicnic Coordinate Ocean Model – MICOM, utilizado pelo Prof. Afonso em seu doutoramento em Miami na RSMAS. A idéia de modelar o oceano no espaço de densidade, ou seja, em camadas isopicnais, pode parecer em princípio contraintuitiva para nós, acostumados a pensar o espaço com uma dimensão vertical fixa medida em unidades de comprimento. Para uma grande parte dos fenômenos físicos mais importantes, porém, principalmente quando a termodinâmica e os processos de mistura entram em ação, poderíamos dizer que o próprio oceano “pensa" em camadas, ou seja, muitos processos importantes ocorrem ao longo de isopicnais ou de superfícies neutras. Um modelo isopicnal, portanto, representa mais naturalmente a física do oceano nestes casos – o caráter híbrido do HYCOM, por outro lado, permite que coordenadas alternativas, geopotenciais e sigma, sejam empregadas em regiões de baixa estratificação ou próximo ao fundo em águas mais rasas. Como costumava ser dito ainda na época do MICOM, “o oceano é geopotencial próximo à superfície, isopicnal no seu interior, e sigma próximo ao fundo” e um modelo numérico ideal deveria representar estas características.
Mais recentemente temos realizado estudos utilizando outros modelos, como o POM (“Princeton Ocean Model”) e o ROMS (“Regional Ocean Model”), em pesquisas envolvendo modelagem regional.
O ROMS, principalmente, tem se mostrado muito promissor para a simulação da meso e da submeso escalas associadas a correntes de contorno, aliando um abrangente conjunto de ferramentas de configuração e análise a um sofisticado arcabouço numérico.
Aliada à modelagem, temos sempre dado muita importância à análise de dados, coletados diretamente por nós no oceano ou obtidos de bases de dados disponibilizados por outros grupos. Hoje em dia, o acesso a bases de dados históricos (WOCE,...) e a reanálises (NCEP, ECMWF,...), além do acesso em tempo quase real a dados de bóias e traçadores (PIRATA, ARGO, GDP...) e a disponibilidade de dados de sensoriamento remoto (altimetria, temperatura da superfície do mar e clorofila) permitem que estudos baseados na análise e interpretação de dados observacionais sejam realizados mesmo quando os recursos para campanhas oceanográficas são limitados.
Temos ido, porém, cada vez mais ao mar, pricipalmente no domínio das "águas azuis" ou oceânicas. Começamos timidamente, organizando uma comissão com o NOc Antares, na região da retroflexão da Corrente Norte do Brasil, e o chamado do mar tem sido mais forte desde então. A partir de projetos como o INCT PRO-OCEANO (Estudo dos Processos Oceanográficos Integrados da Plataforma ao Talude) e o Ilhas Oceânicas (Estudo da maré interna ... nos montes submarinos da Cadeia Vitória-Trindade), além da participação em alguns editais MCTI para uso dos navios de pesquisa, temos realizado campanhas para colocação de fundeios em regiões profundas e coleta de dados hidrográficos e de correntes superficiais e subsuperficiais.
Nossa abordagem, na área científica, tem sido sempre procurar perguntas simples mas relevantes dentro de um determinado contexto do conhecimento, formular hipóteses que direcionem nossa pesquisa e utilizar os métodos disponíveis, sejam eles baseados em modelos ou dados, para responder estas perguntas. Nas áreas tecnológica e ambiental, seja no desenvolvimento de melhores técnicas de modelagem ou na sua aplicação para o desenvolvimento de ferramentas de análise ambiental, temos procurado atuar sempre aliando os aspectos práticos de um problema a uma sólida base científica, de forma a garantir a qualidade de nossos resultados.
Este é o caráter principal, por exemplo, do Projeto REMO - Rede de Modelagem e Observação Oceanográfica, que se propõem a contribuir para o uso sustentável dos recursos marinhos a partir do desenvolvimento de modelagens oceânicas (forecasts e hincasts) com alto grau de realismo, de forma a gerar bases hidrodinâmicas para estudos ambientais diversos.